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Sânscrito no Museu

O Museu Nacional Grão Vasco, em Abril, arranca com um curso inédito em Portugal, que visa a língua e a cultura da Índia Antiga. Viseu
ACEO | 1 Abril 2019
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O Sânscrito é a mais antiga língua do sub-continente Indiano, e uma das mais antigas da família linguística Indo-Europeia, onde figuram, entre outras, o Grego, o Latim e, claro está, o Português. É frequentemente referida como o ponto de origem da língua e da cultura dos povos Europeus, cujos tópicos religiosos, mitológicos e literários podem ser encontrados em obras como a Ilíada, a Odisseia e até mesmo a Bíblia.

 

A importância do estudo do Sânscrito em Portugal tem sido referida por inúmeras personalidades desde o final do séc. XIX e é bem visível nas palavras do primeiro sanscritista Português, Guilherme de Vasconcelos Abreu (1842-1907):

A quem tenha olhos de ver, a luz dos factos mostra, por certo, que o estudo da samscritologia [nos] interessa muito superiormente: por ser, não só em si assunto sério de saber, mas por si instrumento seguro de investigação científica em criações novas da 2.ª metade do século XIX, tão extraordinárias no campo sociológico como extraordinárias as descobertas que mais assombram no campo das ciências físicas, químicas e biológicas, nestes últimos cem anos. Por via do sámscrito, meus senhores, reconstituiu o grande Eugénio Burnouf a língua avéstica (...), e [por via do sânscrito] depois surgiu a glotologia (…), a mitologia comparada (...), a ciência das religiões, o estudo comparado do direito greco-itálico, e mais largamente, direito árico (indo-europeu), e tudo isto é psicologia sociológica – a parte mais interessante da evolução humana.

 

 

 

 

Este projecto pretende, portanto, realçar a importância das relações indo-portuguesas, iniciadas pelos Descobrimentos, bem como dar continuidade ao trabalho desenvolvido por Portugueses tanto na área da cultura Indiana, como pelo ilustre Viseense João de Barros (1496-1570), quanto naquela dos estudos linguísticos, onde figuram o supracitado Guilherme de Vasconcelos Abreu, Sebastião Dalgado (1855-1922), Mariano Saldanha (1878-1975), Margarida Correia de Lacerda (1914-2012) e Luís Filipe Thomaz (1942-).

                     João de Barros

Viseu, cidade-berço de João de Barros, o autor das monumentais Décadas da Ásia, e o qual podemos contemplar no parque Aquilino Ribeiro, é a cidade histórica ideal para este tipo de projecto. O Museu Nacional Grão Vasco, o espaço que acolhe esta iniciativa, na inigualável Acrópole de Viseu, possui, para além do seu conjunto notável de pinturas, visitas guiadas relativas ao Oriente, bem como importantíssimo espólio Oriental e de arte Indo-Portuguesa, proporcionando assim, o ambiente adequado, inspirador e prático, para esta temática. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Contador de Mesa” Indo-Português (1675-1695) no MNGV

O curso de «Sânscrito e Literatura Indiana» é dinamizado pelo Agnimile - Círculo de Estudos Orientais e pela Associação Cultural Nova Acrópole, esta última, que tem desenvolvido variadas actividades na cidade de Viseu, relativas à Filosofia, à Cultura e ao Voluntariado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sede da Associação Cultural Nova Acrópole em Viseu

As aulas, práticas e teóricas, serão ministradas pelo Professor Ricardo Louro Martins (Centro de História da Universidade de Lisboa) e têm por objectivo iniciar o estudante na vasta literatura da Índia Antiga e na cultura daí resultante, bem como fornecer-lhe as ferramentas básicas e necessárias para iniciar a leitura e tradução de obras escritas em Sânscrito.

 

Este curso permitirá ainda compreender e interpretar os mais importantes conceitos filosóficos e culturais do subcontinente Indiano, desde a sua origem e de uma forma directa, como as fontes das já bem conhecidas práticas do yoga, ou da medicina ayurvédica. A par disto, é valorizada a articulação do Sânscrito e dos estudos Indo-Europeus com a cultura Portuguesa e Viseense, bem como, de forma mais concreta, com o espólio do Museu Nacional Grão Vasco.

Trata-se, portanto, de um curso inédito a nível nacional, constituindo uma mais valia cultural para a cidade de Viseu.

 

O curso desenvolver-se-á em 10 sessões de 5 horas cada, uma vez por mês, aos Domingos.

Inicia a 14 de Abril.

Mais informações AQUI.

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